quarta-feira, 2 de abril de 2014

O CUIDADO DE DEUS


 Há tempo tenho observado, principalmente por causa do alcance das redes sociais, o quanto pessoas cristãs gostam de mostrar o cuidado de Deus por causa de um livramento, de uma cura, de uma graça material alcançada. Creio que isto é muito bonito e de fato até mostra o cuidado de Deus. O que me preocupa é quando vejo toda a desgraça que ocorre com tantos que sofrem pelo mundo afora, mesmo aqueles que são cristãos. Pior do que isto, é o quando vejo o sofrimento na Igreja invisível e perseguida, onde pessoas morrem por amor a Cristo. Será que Deus não cuidou destas pessoas?
Com todo respeito aos irmãos que gostam de cantar suas vitórias nos meios midiáticos, nos púlpitos, ou mesmo em um bate-papo informal, creio que vocês precisam conhecer a vida de Paulo, Pedro, João, Habacuque, Spurgeon, Bunian, entre outros, principalmente da igreja chamada primitiva, ou da igreja dentro dos países comunistas em um passado bem próximo. Foram pessoas que sempre sentiram o cuidado de Deus em suas vidas, e o testemunharam profundamente, mas que experimentaram de perto o escárnio, a dor e alguns deles até a morte. Será que Deus não cuidou deles?
Habacuque, por exemplo, mostra que o cuidado de Deus se reflete mesmo na disciplina que Ele dá ao seu povo, ainda que seja dura demais e reflita em pessoas inocentes (remanescente). Ele mostra que embora sentisse pela dor do sofrimento causado pelo pecado do próprio povo, sabia que Deus não o abandonara. O profeta demonstra que, mesmo que tudo vai mal, ele podia descansar em um Deus que lhe garantiu um cuidado sem igual – sua salvação. Daí ele pode dizer:
“Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação.” (Hc 3:17,18)

Que é bom poder descansar no poder do Senhor! Que delícia é saber que nada pode nos separar do amor que está em Cristo Jesus! Este é o cuidado de Deus para nossa vida.
Outro grande exemplo, e quero parar por aqui nos exemplos, é o de Paulo. É dele uma das frases mais consoladoras da Bíblia:
“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (II Co 4:17)

O que vejo hoje que este senso de glória eterna está perdido em meio a Igreja de Cristo. Não conseguimos ver a bênção de Deus quando não somos atendidos em nossas petições. Sofremos com “síndrome da mulher de Jó”, quando na realidade tínhamos que aprender com este grande patriarca, que em meio a dor, e mesmo falhando em sua auto justificação, pode dizer: “Ainda que ele me mate, nele esperarei...” (Jó 13:15).
Por fim, quero lembrar que a palavra “testemunho” tem sua origem em um termo grego que deu início a outra palavra de nossa língua: martírio (do grego marturia).  Logo, nosso testemunho não compreende a demonstração das vitórias nesta vida, mas a certeza que mesmo derrotados aqui, somos mais do que vencedores em virtude do peso maior da glória mais excelente que por nós espera. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A TRISTE REALIDADE DO INFERNO



Hoje decidi escrever sobre algo que muitos têm fugido. Dos nossos púlpitos pouco tem se pregado sobre a triste realidade do inferno. A igreja, ensimesmada, idólatra, antropocêntrica, terapêutica e hedonista; evita falar sobre assuntos que possam desagradar, afinal é preciso manter seus santuários cheios. Mas a Bíblia nos mostra um cenário tenebroso para o ser humano sem Deus.
Jesus, no seu sermão escatológico, em Mateus 24 e 25, encerra-o de uma forma simples e objetiva: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (Mt 25:46).  “Estes” compreendem no texto aqueles que não seguiram a vontade de Deus em suas vidas. Muitos têm vivido como se o Deus onisciente e onipresente não existisse. Por causa de uma teologia fraca, pessoas estão vivendo como se Deus salvasse todo mundo, afinal Ele é amor. Mas Jesus deixou bem claro: “E irão estes para o tormento eterno...”.
Nestas expressões de Jesus vemos três realidades latentes. Primeiramente a realidade de ir. Jesus categoricamente fala que irão, não coloca uma possibilidade, nem que se tem uma nova oportunidade, Ele simplesmente afirma: “Irão”. Meu amado ou minha amada se você ainda prefere viver uma vida longe de Deus e de seus desígnios saiba que não há chance diante do justo juiz. Deus realmente é amor, mas, em perfeito equilíbrio de todos os seus atributos, Ele também é fogo consumidor (Hb 12:29). Isaías destaca: “Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor?” (Is 33:14). Esta é a realidade da justiça de Deus. Ele é perfeitamente amoroso, mas perfeitamente justo.
Em segundo lugar vemos a realidade do tormento. Há alguns que advogam que o inferno será apenas uma separação definitiva de Deus. Creio que realmente isto seja uma dor imensa para o ser humano. Mas a expressão usada por Cristo denota algo que fere e dói. Não é à toa que o principal símbolo do inferno é o fogo, em destaque o lago de fogo. Sem Cristo no coração esta é a realidade do ser humano. Se você acha que o inferno é aqui, saiba que haverá um tormento muito maior.
A terceira realidade é a eternidade. Muitos defendem a ideia que o sofrimento não será eterno. Jesus usa o mesmo termo tanto para os salvos como para os perdidos para referir-se a eternidade. Isto significa que se haverá um gozo eterno, com certeza haverá um tormento eterno. O aniquilamento seria um prêmio para quem ousou descrer no Deus criador. A pergunta que lhe faço agora: Onde você vai passar a eternidade?
Para que esta triste realidade não exista em sua vida é preciso que você dê alguns passos:
i)                     Reconheça a sua situação de pecador diante de Deus (Rm 3:23);
ii)                   Arrependa-se dos seus pecados verdadeiramente (I Jo 1:9);
iii)                  Entenda que Deus já fez tudo que podia ao enviar Jesus (Jo 3:16; Rm 5:8);
iv)                 Aceite pela fé o sacrifício de Cristo na cruz (Ef 2:8);
v)           Viva de agora em diante debaixo do senhorio de Cristo amando-o e obedecendo-o acima de todas as coisas (Jo 14:15; 15:14);
vi)                 Viva na esperança de encontrar-se com Jesus (I Ts 4:13-17).

Com estes passos, com toda certeza, você se livrará desta triste realidade e terá um lugar muito especial ao lado do Criador.


A Deus toda glória.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

REFORMA CONTEMPORÂNEA


Antonio Carlos G. Affonso

Reforma Agora: O Antídoto para a confusão evangélica no Brasil (FIEL, 2013, 154 páginas) de Renato Vargens é um livro que trata o afastamento da igreja protestante, em especial no Brasil, dos princípios norteadores da reforma protestante do século XVI. O material é de leitura agradável e simples, embora não fuja de uma profundidade suficiente para trazer a luz grandes esclarecimentos.
O livro é dividido em oito capítulos sendo que os seis primeiros o autor se preocupa em mostrar os princípios norteadores da reforma protestante, as cinco “solas”.
No primeiro capítulo Vargens se preocupa em mostrar alguma coisa sobre a história protestante e seu principal expoente, Martinho Lutero. Fazendo um pequeno passeio pela história ele nos mostra questões políticas e teológicas que envolveram a reforma na Alemanha que se espalhou por toda Europa da época. Ele deixa claro que Lutero não queria dividir a igreja, mas sim denunciar os abusos que ocorriam.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O ALVO DE NOSSA VIDA



Lendo o excelente livro de Michael Horton, “Bom demais para ser verdade” da editora Fiel, deparei-me com uma frase que sempre falei de outra forma, mas creio que Horton disse tudo que sempre quis com mais profundidade:

“O alvo na vida não é ser feliz, e sim, ser santo; não é tornar-nos aceitáveis a nós mesmos e aos outros, mas ser aceitáveis a Deus, por meio de Deus” (p. 41)

segunda-feira, 1 de julho de 2013

UM JOGO INESQUECÍVEL

Observando as igrejas próximas e algumas não muito, somado ao comportamento de alguns cristãos, conclui que o jogo da final da Copa das Confederações foi inesquecível. Não pelo resultado, que para mim, como forasteiro nesta terra, pouco importava, mas pelo comportamento do povo chamado de Deus. Em primeiro lugar, ele foi inesquecível porque mostrou o quanto o povo de Deus, juntamente com muitos dos seus líderes, tem seus valores invertidos. Nada contra a mudar o horário do jogo por uma questão de segurança, mas todos sabiam que esse campeonato não impacta tanto quanto a Copa do Mundo, logo, para mim, não passou, na maioria dos casos, de uma desculpa esfarrapada para dizer que as coisas deste mundo são mais importantes que as coisas de cima.
Em segundo lugar, ele foi inesquecível porque mostrou a alienação espiritual na qual vive o povo que se diz cristão neste país. Nestas semanas onde se falou tanto em protesto, que se falou da manipulação das massas através da televisão, entre tantas coisas. O que se viu foi a conivência do povo de Deus com toda a balburdia política-sócio-econômica em que vive nosso país. A maior resposta que o povo de Deus daria, se realmente quisesse levar a sério o evangelho, de fato desejando mudança, seria boicotando sua presença à frente da televisão, afinal era horário de culto da maioria das igrejas. A Globo alcançou um dos maiores índices de audiência de todos os tempos, graças a soma de quase 24% da população que se diz cristã-evangélica, mas que preferiu estar diante da televisão do que diante do altar em adoração.
Por último, o jogo foi inesquecível porque mostrou o quanto estamos distante de vivermos o evangelho puro e genuíno, onde o reino de Deus deve ser o primeiro em nossas vidas e as outras coisas, que não passam realmente de “outras coisas”, podem ser acrescentadas, mas se não forem, não faram falta pois temos o depósito muito maior guardado para aqueles que perseverarem até o fim na presença do Senhor Jesus.

Que Deus tenha misericórdia de nós.


Maranata! Ora vem Senhor Jesus!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

UMA HISTÓRIA DE FÉ



Antonio Carlos G. Affonso

Torturado por sua fé (FIEL, 2006, 168 páginas) de Haralan Popov é um livro que conta o sofrimento do autor na Bulgária comunista. O Pr. Popov mostra como Deus esteve ao seu lado todo tempo de seu cativeiro e como o regime comunista tentava fazer adeptos através da tortura e da lavagem cerebral.
Popov divide seu livro em 18 partes que descrevem sua vida como pastor dentro das cadeias búlgaras no início do regime comunista. Foram 13 anos de aprisionamento acusado de espionagem, mas a desculpa era apenas para acabar com as igrejas na Bulgária. O autor foca muito o cuidado, o conforto e a força que Deus lhe deu durante todo período de prisão.

sábado, 4 de maio de 2013

A QUEM JESUS PAGOU NOSSO PREÇO?


Tenho visto nos arraiais midiáticos histórias cheias de romantismo e humanismo acerca do preço que Jesus pagou na cruz. Umas contam que Cristo viu a humanidade presa às garras de Satanás e se ofereceu para pagar ao inimigo o preço de nossa prisão. Outras afirmam que Deus nos amou mais do que a seu próprio filho e o entregou ao inimigo para pagar o preço de nossa redenção.
O grande problema está em não conseguir entender ou conceber a ideia de que Deus é criador de todas as coisas, inclusive do próprio mal (Is 45:7). Mais do que isso, a grande dificuldade é ver que a própria Bíblia mostra que quem amaldiçoa a humanidade, e de quebra o Diabo, é o próprio Deus (Gn 3:14-19).  Logo, nunca o preço a ser pago seria ao Diabo. Não foi ele que nos condenou ao inferno, foi Deus através de sua ira contra o pecado (Jo 3:36; Rm 3:23; 6:23).

sábado, 27 de abril de 2013

IGREJA CONTEMPORÂNEA OU PERMISSÃO PARA PECAR?




Muito tem se comentado sobre a ideia de igreja contemporânea. Surgiu inclusive uma denominação que carrega esse nome. O grande objetivo desta ideia é a inclusão dos homossexuais e afins.
Respeito muito a escolha de cada um, e creio que o preconceito deve ser combatido de todas as maneiras, sendo necessário, com o apoio do estado e de legislações que protejam toda e qualquer forma de preconceito, sem confundir proteção com privilégios. Mas uma coisa precisa ficar clara, o pecado nunca deixou de ser pecado.  
Não quero me deter apenas ao homossexualismo, pois isto seria a prova de que este pecado tem mais destaque do que os outros. A Bíblia não deixa dúvida sobre muitas coisas que hoje os chamados evangélicos aceitam com muita naturalidade. O divórcio, por exemplo, é repudiado por Deus, mas, apesar disso, os evangélicos, dos quais muitos dizem que lutam pela família, se colocam a favor do divórcio e contra o homossexualismo. Ora, quem luta a favor da família, deve se colocar contra toda e qualquer coisa que se levanta contra ela, não apenas o homossexualismo.

sexta-feira, 22 de março de 2013

ONDE ESTÁ O REMANESCENTE DE DEUS?




Segundo o censo de 2012 a população brasileira era de 193.946.886 habitantes, dos quais 42.275.440 são pessoas que se dizem evangélicas, isto corresponde a 21,8 %  da população. Muitos fazem disso um marketing para que possamos até mesmo eleger um presidente. Particularmente acho isto muito perigoso, pois não vejo nenhum político, evangélico ou não, que mereça minha confiança.
Mas o que me intriga é que os puritanos eram menos de 1% da população dos países onde ocorreu o puritanismo, mas eles conseguiram abalar as estruturas daqueles países. Lucas narra que quando Paulo chegou em Tessalônica disseram: “Estes que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui” (At 17:6b). E olha que os cristãos não correspondiam a 0,5% da população mundial da época. As perguntas que faço: Por que não estamos alvoroçando o nosso país? Por que não consigo ver a diferença no dia a dia? Por que tantos e tantos evangélicos se mentem em escândalos? (Claro que em muitos casos pode haver injustiça e perseguição, mas nem todos).

CUIDADO COM O TELHADO DE VIDRO



Quando criança ouvi muito minha mãe dizer: “Quem tem telhado de vidro não atira pedra no telhado dos outros”. Eis um ditado popular carregado de verdade e cheio de lições para nos ensinar.
Tenho visto alguns posts, principalmente nas redes sociais, de cristãos que, em virtude das “perseguições” que sofrem os pastores da bancada evangélica do congresso e do senado, mostrando uma reportagem sobre um casal gay que espancava e até possivelmente violentava um menino que eles criavam.
Não compactuo com a causa gay, muito pelo contrário. Sei que a Bíblia condena e prego constantemente contra isto, bem como contra qualquer ato ou condição que a Bíblia descreva como pecado. Mas o que não posso concordar é que denegriam a imagem de todos de um grupo (que no caso são os gays) por causa de duas pessoas que fizeram isto. Quantas reportagens sobre pastores, padres e outros lideres cristãos que abusavam de crianças, que estupraram, adulteraram, entre tantas outras coisas. Que trabalho teve a igreja católica com padres que abusavam de meninos em tantos países do mundo. E ao invés de entrega-los à justiça, preferiam que mudassem de paróquia, apenas transferindo o problema, gerando uma indignação na comunidade mundial.
Não se pode condenar um grupo por causa de atitudes isoladas. O fato de ser homossexual, não faz da pessoa um estuprador necessariamente. Claro que à luz da Bíblia, Deus não faz diferença, mas isto apenas significa que devemos pregar o mesmo evangelho tanto para o gay, como também para o estuprador, sem, no entanto, fazer este igual aquele diante da sociedade.
Antes de criticarmos os gays por causa de fatos isolados deveríamos olhar para nossas vidas. Quantos cristãos vendem CD´s e DVD´s piratas nas praças, isto é roubo, é crime. Quantos cristãos mentem no seu dia a dia, e acham isto normal. Deus condena a mentira tanto quanto condena o homossexualismo e o estupro. Quantos cristãos adotam o “jeitinho brasileiro” em suas vidas, não importa se isto fere a Bíblia ou não. Afinal, “o importante é levar vantagem em tudo”. Quantos ainda votam em políticos apenas porque estes atendem os seus interesses pessoais, não pensando na coletividade. Se você faz qualquer uma dessas coisas, ou outras que a Bíblia condena, não tem autoridade para falar sobre o comportamento de um grupo baseado em casos específicos. Afinal, quem tem telhado de vidro não pode atirar pedra no telhado dos outros. Se julgarmos que todo gay é estuprador, estamos dando o direito que pensem que todo cristão também é.

“Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.” (Mt 5:13-18)